Raquel Rocheta triste com a separação: "O Carlos estava à espera que eu pedisse o divórcio há muito mais tempo"
A ex-manequim falou pela primeira vez desde que tornou público o divórcio com Carlos Cruz., a revista caras.
Raquel Rocheta conheceu Carlos Cruz em 1997, durante um casting para o programa 1,2,3. A modelo tinha então 23 anos e o apresentador 54. Apaixonaram-se e seis meses depois já viviam juntos. "Inicialmente, os meus pais não aceitaram bem esta relação. Achavam que era uma brincadeira da parte do Carlos que, além de ser mais velho, era uma figura muito famosa. Pensaram que eu era apenas mais um namorico, mas depois perceberam - e o próprio Carlos fez questão de lhes demonstrar - que era uma coisa séria", recorda Raquel à CARAS. A relação foi oficializada durante uma cerimónia budista, na Tailândia, a 21 de agosto de 2001. Em março do ano seguinte nascia a primeira filha em comum do casal, Mariana. Mas a tranquilidade e os momentos de felicidade duraram poucos meses. No verão de 2002 começam a surgir as primeiras suspeitas do envolvimento de Carlos Cruz numa rede de pedofilia. Era o início do processo Casa Pia, que levou o apresentador a ser condenado a sete anos de prisão por crimes de abuso de menores, decisão que se encontra em fase de recurso. Foram oito anos em que Raquel Cruz se manteve sempre ao lado do marido, a apoiá-lo e a tentar viver uma vida normal, até que "o cansaço e a saturação provocados pelo processo" a levaram a pedir o divórcio, tal como explica Raquel Rocheta nesta entrevista à CARAS, a primeira que dá desde que tornou pública a sua separação.
- De quem partiu a iniciativa de pedir o divórcio?
Raquel Rocheta - Partiu de mim. Foi um processo que exigiu muita reflexão da minha parte. Não foi fácil, mas a saturação e o cansaço provocados pelo processo conseguiram desgastar o amor e a paixão que sentíamos um pelo outro.
- Sentiu-se privada da sua própria vida?
- Senti-me muito sozinha porque o processo estava sempre em primeiro lugar. Era a conversa e o trabalho de todos os dias, e a revolta que se sentia criava um ambiente que sentia não ser favorável nem para mim nem para a Mariana. Deixei de ter uma vida de casal normal, a atenção e o amor ficaram para segundo plano. Sentia muitas saudades da partilha, da vida que tínhamos antigamente.
- Acha que vai conseguir ter uma vida normal?
- Acho que sim. Espero que a comunicação social me dê a paz de que preciso para voltar a viver e a sentir-me feliz ao lado da minha filha.
- Quanto tempo durou a fase de reflexão?
- Há dois anos que sentia que o desgaste já era bastante e que tinha de tomar uma decisão. Tinha esperança de que o processo fosse mais célere e que terminasse em setembro com um resultado positivo, o que não aconteceu. Isso fez tudo agravar-se e a nossa vida voltou a ser adiada por tempo indeterminado. Preocupei-me não só com a Mariana e com o Carlos, mas também comigo, com a minha vida, a minha carreira profissional, que entretanto ficou parada. Neste momento continuo a dar apoio ao Carlos, continuamos amigos, e vou a casa dele quase dia sim dia não. O Carlos também compreende que eu tenho a idade que tenho e que não me pode privar de viver. Tem admiração por tudo aquilo que fiz durante os últimos oito anos, que ele sabe que foram muito custosos.
- Como é que a Mariana reagiu quando lhe explicaram o que ia acontecer?
- Há já um ano que a Mariana vinha sendo preparada por mim para uma mudança. As crianças sentem tudo e na altura ela não ficou muito espantada. A crise no casamento era já visível. Disse-lhe que a mãe qualquer dia iria ter que mudar de vida, começar a trabalhar e, possivelmente, mudar de casa ou ir para o Algarve. Coloquei uma série de hipóteses para perceber qual a sua reação. Claro que ficou triste. Disse-me que adorava estar com o pai e que não queria deixar de estar com ele, que não queria ir viver para o Algarve... Claro que choramingou, fez as suas cenas mas, mais tarde, percebeu que a mãe ainda era jovem e que tinha direito a trabalhar e a ser feliz.
- No fundo, foi preparando a sua filha para esta fase durante um ano. Não foi uma mudança brusca...
- Não, foi muito bem pensada, tanto por mim como pelo Carlos. Quando tomei a decisão, ele disse que já estava à espera que eu tomasse essa decisão há muito mais tempo. Por isso, acho que foi feito da maneira certa. Custou-lhe um bocadinho quando mudámos de casa, mas entretanto a Mariana descobriu que, além de poder estar com o pai quantas vezes quiser, ele passou a fazer as tarefas que estavam reservadas à mãe, como levá-la à escola, passar a tarde a ver filmes infantis, jogar Monopólio durante horas... Ele ganhou mais confiança em si próprio e passou a fazer com ela a vida normal do dia-a-dia.
- Aproximou-se mais da filha?
- Sim, aproximaram-se bastante mais pelo facto de eu não estar presente.
- O Carlos é hoje a pessoa que conheceu há dez anos?
- É impossível ser a mesma pessoa passando por tudo aquilo que ele passou. Há uma coisa que não muda nunca, que é a admiração que tenho por ele. Nunca imaginei que o Carlos conseguisse aguentar tanto tempo uma situação tão grave da forma como ele está a aguentar. Ele diz que irá lutar até ao fim da vida para que a Mariana não tenha que sofrer no futuro com os boatos e o peso de ter um pai "condenado". Esse é o motor que o leva a conseguir viver e a ter força para batalhar.
- Diz que o Carlos estava à espera que tomasse esta decisão mais cedo. E a si, passou-lhe pela cabeça fazê-lo mais cedo?
- Sim, passou-me pela cabeça várias vezes. São oito anos de uma situação complicada. É claro que tivemos muitos momentos bons mas, infelizmente, também tivemos muitos momentos maus. Pensei muito. É claro que o facto de a Mariana ser muito apegada ao pai, de eu gostar do Carlos e me preocupar muito com ele fez-me ir adiando esta decisão, que poderia ter sido tomada há um ou dois anos.
- Esta semana uma revista falava em traição. Houve envolvimento de terceiras pessoas no vosso casamento?
- Não, não houve, nem de um lado nem do outro. Isso foi uma completa mentira que surgiu pelo facto de terem confundido duas pessoas.
- O divórcio já foi assinado?
- Não, ainda não tratámos de papéis. Vamos tratar deles em breve.
- Já estipularam como vão partilhar o tempo da Mariana?
- Ficará escrito, formalizado, mas na realidade não iremos cumpri-lo. Por mim, eles estão juntos quantas vezes quiserem, não tenho a mínima intenção de os afastar. Sei que precisam muito um do outro.
- Apesar de ser conhecida como modelo fotográfico, a sua formação académica é em gestão de empresas turísticas, área na qual chegou a trabalhar. É uma hipótese recomeçar a sua carreira a partir daí?
- É isso mesmo que quero. Fiz vários cursos - formação de formadores, línguas, pós-graduação em marketing - sempre preocupada em retomar a atividade profissional. É claro que o facto de estar preocupada com a família me fez adiar tudo, mas neste momento a minha intenção é começar a trabalhar. Vou começar a enviar o meu currículo e procurar trabalho na minha área, em gestão ou marketing, além de continuar interessada em trabalhos relacionados com moda e publicidade.
- Está com vontade de retomar a sua atividade enquanto modelo fotográfico?
- Exatamente, até porque fiz alguns cursos de representação e, por força das circunstâncias, foi tudo adiado. Neste momento sinto-me com imensa vontade de representar ou trabalhar como modelo de publicidade se surgir uma oportunidade.
- Arrepende-se de ter deixado para trás a sua carreira profissional quando engravidou?
- Só deixei de trabalhar aos sete meses de gravidez. O Carlos trabalhava imenso, estava nas Noites Marcianas, e eu achei que era altura de descansar um bocadinho para retomar quando a Mariana já tivesse um ano... É claro que todo este processo acabou por dar uma grande volta à minha vida, e acabei por esperar, mas sempre com a intenção de, quando as coisas terminassem, voltar novamente.
- Porque é um duro golpe estar casada há apenas um ano e meio e ser surpreendida com um processo como este...
- Exatamente. Temos oito anos de processo e metade desse tempo de felicidade. Isso acabou por causar grandes danos nos nossos sentimentos e na nossa relação.
- Deixou de haver paixão?
- Foi-se embora a paixão, ficou uma grande amizade, admiração, um grande respeito, que acho que nunca vai terminar, porque sei perfeitamente que o que ele está a tentar provar é verdade, e ele sabe que pode contar comigo até ao fim para o defender.
- Continua totalmente convicta da inocência do Carlos?
- Totalmente, a cem por cento. Ponho as mãos no fogo.
- A Raquel sempre disse que os seus pais têm uma situação confortável a nível financeiro. São eles que a têm ajudado durante estes últimos anos?
- Ajudaram numa situação ou noutra. Mas nós, ao desfazermo-nos do património, conseguimos sempre aguentar a situação, claro que diminuindo o nosso nível de vida: neste momento tenho uma casa que é um terço da que tinha na altura, e tenho um carro que vale um terço do que tinha. Mas, sinceramente, não é isso que me faz mais infeliz. O que me faz mais infeliz é o facto de sentir que a nossa relação se desmoronou por saturação e cansaço, e por uma situação que é ingrata e injusta para todos.
- Onde é que a Raquel procura refúgio nos momentos de maior angústia e desespero?
- No Algarve, junto dos meus pais. É onde me sinto completamente à vontade, onde sinto que me dão valor, que gostam de mim, onde sinto liberdade.
- É para lá que gostaria de voltar um dia?
- É, mas como a Mariana e o Carlos estão muito unidos, e a Mariana é muito feliz na escola onde está, vou adiar essa situação.
- Venderam a vivenda em Birre, mudaram-se para uma moradia mais pequena, na Areia, e agora estavam numa casa na Amoreira, onde vai ficar a morar o Carlos. E a Raquel?
- Eu estou a viver perto de casa do Carlos, exatamente para ser mais fácil a Mariana e o pai estarem juntos, além de ficar perto da escola.
- Este não era, certamente, o percurso que tinha sonhado para si e para a sua filha...
- De maneira nenhuma. Foi uma mudança de vida radical que quebrou os projetos de vida que eu tinha, como ter mais um filho, progredir na carreira, ter uma vida normal. Acabei por me agarrar a esta situação por amor e como uma missão. Senti que era importante o meu apoio, não só psicologicamente em relação ao Carlos e à Mariana, mas como forma de provar a injustiça que está ser feita. Não me arrependo, porque acho que a vida é isso mesmo: não se podem fazer projetos a longo prazo, pois a nossa vida pode mudar de um dia para o outro. Há que desfrutar dos pequenos momentos de felicidade que nos são concedidos no dia-a-dia.
- A Raquel é muito nova, vai certamente refazer a sua vida amorosa. Estipularam algum prazo para poderem aparecer em público com alguém ou nem sequer falaram sobre este assunto?
- Nem falámos sobre o assunto. Acho que o destino o dirá. Neste momento não estou preparada para isso. Penso que o Carlos também não estará, mas eu ficarei muito feliz se vir o Carlos novamente feliz, no futuro, com outra pessoa. Ele merece.
- Ele pensará o mesmo em relação a si?
- Espero que sim.
- Pôs definitivamente de lado o plano de ter mais filhos?
- Não, não pus de lado. Hoje em dia ainda se pode pensar em ter filhos até aos 43 anos e, com a ajuda da medicina, até pode ser mais tarde. Portanto, não pus de lado e gostava muito de dar um irmão à Mariana. Mas não para já.
- À Mariana sempre explicaram o que se estava a passar. Aos nove anos, ela já terá plena noção de tudo o que se passou?
- A Mariana tem plena noção de tudo. Aliás, fizemos questão de lhe dizer tudo, até porque sabíamos que na escola ela iria ser alvo de brincadeiras de mau gosto. Todos sabemos que as crianças conseguem ser muito cruéis. A Mariana já é muito madura para a idade que tem - acho que por causa desta situação - e esconder era a pior coisa que lhe poderíamos fazer. Nós tivemos acompanhamento de um psicólogo em relação a ela, que nos disse desde o início que deveríamos ir contando de acordo com o tipo de linguagem dela. No início foi-lhe dito de uma forma muito subtil, muito infantil, mas neste momento ela tem perfeita consciência da existência de mentira, da inveja, da ganância e da maldade de muitas pessoas.
- O que é doloroso para si?
- O mais doloroso neste momento é não saber como este processo vai terminar... quanto tempo ainda vai demorar, o que a Mariana, o Carlos e o resto da família ainda vão ter que sofrer até se provar que ele é inocente. E tenho receio em relação à adolescência da Mariana, é a fase que me preocupa mais. Não sei como é que ela vai aceitar esta situação, como irá digeri-la. Neste momento ela sente que o pai e a mãe estão unidos para combater a injustiça, e acho que isso também a torna mais forte e mais consciente das dificuldades da vida. A Mariana é a minha prioridade, por ela farei tudo o que for necessário para que sofra o menos possível.